terça-feira, 19 de outubro de 2010

Sou contra o aborto

Sou contra o aborto por uma séria de coisas, antes de ser cristão. Sou cristão, evangélico e não nego. Mas o engraçado é que, quando um religioso fala sobre determinados temas polêmicos, a maioria diz que a argumentação é só questão de religião e fecha o assunto. O problema é que o que falamos não interessa, morre a conversa e joga-se fora a discussão.

No eixo científico teológico, como bem explica o pastor e líder da Assembleia de Deus no Rio de Janeiro, Silas Malafaia, quem define a vida na ciência é a biologia, sendo assim, a vida começa na concepção contínua intra ou extra uterina até a morte.

A teologia cristã não está contra a ciência. Ninguém entende mais do homem que Deus. Segundo Malafaia, partindo deste eixo, se a vida começa na concepção, significa que matar um feto é tirar uma vida.

E um fato tão maravilhoso com a vida não pode atender a interesses sociológicos, econômicos e muito menos políticos, segundo ele. Na gestação, o agente passivo é a mãe, o ativo é o feto. Ele é quem coordena as ações da mãe. Se ele quiser sair a qualquer hora da placenta, não é a mãe quem vai determinar isso. Biologicamente, o feto não é considerado prolongamento do corpo da mulher. Daqui podemos tirar várias conclusões.

REALIDADE

Segundo o Ministério da Saúde, em cinco anos, cerca de 1 milhão e 400 mil abortos foram realizados no Brasil. 14 mil mulheres morrem por conta desses abortos. 3 em cada 10 mulheres grávidas já fizeram aborto. É certo que o aborto é fruto da promiscuidade humana. E não me venham com argumentações sobre o estupro para comover socialmente a população.

MTV

Gostaria muito de comentar aquele lixo de programa dirigido pelo cantor Lobão, na MTV, o Debate MTV. Nunca tinha assistido ao programa e, pelo que vi e ouvi hoje, acabei perdendo meu tempo. Aliás, quem perdeu uma grande chance de argumentar e mostrar a população porque pensam de tal forma ou de outra sobre um tema tão polêmico e ao mesmo tempo de extrema importância para a sociedade.

Os participantes, de um lado feministas, médicos e representantes de movimentos sócias, de outro representantes das igrejas católicas e evangélicas, deixaram o telespectador ainda mais perdido com tamanho amadorismo.

Além do mais, quando não se tem um jornalista sério para mediar um debate, dá no que dá. Uma merda! Que amadorismo. Pessoas sem educação, sobrepondo falas, sem nenhum tipo de regras. Também, com o Lobão mediando, exigir um programa sério, sem palavras de baixo calão, seria pedir de mais, né.

Felizmente, existem inúmeros programas e vozes sérias e comprometidas para dar mais sensatez numa discussão sobre um assunto onde, geralmente, a grande mídia só ouve um lado. Imparcialidade não existe. Precisamos abrir os olhos e ver que ainda existem respostas sensatas para situações as quais a sociedade insiste em oferecer apenas soluções minimalistas.

Nos Estados Unidos, por exemplo, onde o aborto é legalizado, as mulheres que já fizeram são 9 vezes propensas a suicídio, depressão, numa segunda gravidez, 10 vezes mais propensas a perder a criança no terceiro mês. Todas que fizeram carregam consigo a dor da culpa. Livra-se de um “problema”, mas cria-se uma doença.

Dos 42 milhões de abortos realizados no mundo, metade são ilegais feitos em condições precárias. Faço a seguinte pergunta, então. Por que não ensinar nas escolas os problemas causados por uma gravidez indesejada? Por que atacar apenas o resultado e não investir na preventiva? Sabe porque, por que o ensino nas escolas está precário, o governo não está nem aí para a educação e os professores ganham um salário ridículo.

Exemplos claros da burrice política é a praticada pelo atual governo, que quer nos empurrar para o continuísmo de Dilma Roussef, que, diga-se de passagem, incluiu no Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH 3) a descriminalização do aborto. Ao perder votos no primeiro turno, veio a público dizer que era contra o aborto. Ninguém é besta. E mais. Não estou dizendo que temos que votar no Serra por causa disso, mas estar atentos ao posicionamento dos nossos representantes a questões polêmicas e que nos envolve.

Infelizmente, em vez de prevenir corretamente os jovens brasileiros, o governo incentiva a prática do sexo distribuindo camisinhas de graça nas escolas. Leia esta matéria na Folhaonline. Contra a ignorância, a falta de conhecimento e zelo dos políticos, isso é meio difícil de negociar.

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá Andrey. Todo bom?
Primeiramente gostaria de dizer que adorei os dizeres "Aqui o espaço é democrático" colocado na janela dos comentários (ao contrário do mural do montesclaros.com. Quem nunca foi censurado lá que amarre a primeira mordaça).
Mas eu escrevo mesmo é para parabenizá-lo pelo artigo. Confesso que me surpreendi com sua posição política nessa campanha (um "preconceiotozinho" com jornalistas independentes, normalmente esquerdistas). Sempre achei absurdo o cinismo dessa senhora Dilma em mudar de discurso de forma tão ambígua (a favor da vida de quem? do feto ou da mãe? Da mãe contra o feto?) de modo a poder se justificar no futuro caso venha a tomar alguma medida a favor do aborto. Aí ela poderá dizer que foi mal entendida quando induziu milhões de pessoas a pensar que era contra o aborto. Além disso, também sempre vi nesse discurso do "problema de saúde pública" um atestado de incompetência quanto à políticas de planejamento familiar deste Governo. Sem falar que um aborto é um procedimento caro, que o SUS não deveria ficar custeando para pessoas irresponsáveis (a Constituição Federal fala em paternidade responsável - o que inclui a maternidade, obviamente). Por fim, será que o dia que liberarem o aborto eles não saltarão dos (alegados) 1 milhão e 400 mil para 5, 6 milhões, retirando ainda mais dinheiro do SUS (dinheiro que deveria estar sendo investido em ações mais nobres)? Um abraço.
Hugo